Steve Jobs da China imita ex-CEO em 'Apple do Oriente'

Falsificações da China são quase um lugar comum, mas uma cópia em especial tem feito muito sucesso no maior país asiático: um Steve Jobs de olhos puxados. Lei Jun, milionário, empresário e confessadamente fã do ex-CEO da Apple, se autointitula herdeiro do império da Maçã, e a mídia asiática identifica sua empresa, a Xiaomi, como "a Apple do Oriente". As informações são do The New York Times.
Lei se esforça para cultivar uma imagem associada à de Jobs, o que inclui a calça jeans e a camisa preta, "uniforme" do cofundador da Apple - falecido em outubro de 2011. E, claro, como o americano, o chinês vende milhões de unidades de smartphones - muito parecidos com o iPhone de Cupertino.
Investidores e consumidores parecem responder com entusiasmo ao Jobs oriental, mas ninguém mais do que o próprio Lei acredita em seu poder, segundo o jornal americano. Ao subir ao palco para anunciar novos eletrônicos, o empresário chinês usa discursos como, por exemplo, "estamos fazendo coisas que outras companhias nunca fizeram antes".
A Xiaomi vendeu US$ 2 bilhões em dispositivos portáteis no último ano, e tem emergido como uma potência no mercado chinês - o maior no segmento de smartphones do mundo. E a expectativa é que a companhia dobre esse valor em 2013.

Xiaomi

 Lei fundou a Xiaomi há três anos, com um grupo de outros engenheiros, e vendeu 7 milhões de aparelhos que não só se parecem com o iPhone como têm toda a estratégia de marketing baseada no smartphone da Apple. A companhia foi a mais rápida da história a atingir US$ 1 bilhão em receita na China - a Amazon, por exemplo, levou meia década.
Muitos empreendedores, como Lei, querem elevar a China a um patamar além do beco sem saída da montagem de equipamentos de fabricantes internacionais. Mas a inovação ainda está escassa no maior mercado asiático.
O crescimento da empresa de Lei levou-a a ser avaliada em US$ 4 bilhões em junho do ano passado, quando recebeu a última rodada de financiamento. Os apoios até agora vieram de players como a Qiming Venture Partners, braço de investimento de risco da Qualcomm, e da Digital Sky Technologies, de Yuri Milner, que apoiou o começo de companhias como Facebook, Zynga e Groupon.
Mas abrir capital na bolsa ainda não está nos planos da Xiaomi. A fabricante de clones do iPhone, se continuar sendo valorizada, pode chegar ao ranking das maiores empresas da China, atrás de Alibaba, Baidu, Tentcent e Netease.
Apesar das expectativas, por outro lado, a vida da Xiaomi não é só flores. Preferida pelos consumidores que não têm dinheiro para comprar um iPhone da Apple ou um modelo topo de linha da Samsung, a rival chinesa enfrenta também custos maiores, enquanto as concorrentes internacionais conseguem oferecer modelos de preço baixo. Além disso, as asiáticas Huawei, Lenovo e Taiwan têm maior poder de marketing, e somam 25% do mercado local de smartphones.

'Jobs' chinês

 Lei, além de CEO da Xioami, é presidente-executivo da Kingsoft, empresa de software em que trabalhou por dez anos e que levou à bolsa em 2007 - além de ter US$ 300 milhões em ações. A carreira do Jobs chinês se divide entre empresário e investidor. Entre as startups que ajudou está a YY, que abriu capital em Nasdaq em 2012 e hoje vale US$ 1,5 bilhão. Em 2004, o primeiro grande hit de Lei, a Joyo.com, foi comprado pela Amazon por US$ 75 milhões.
Bastante privativo, pouco se sabe sobre vida pessoal. Com mais de cinco milhões de seguidores no Weibo, o Twitter chinês, ele é uma celebridade no país. Criado em Wuhan, uma cidade industrial na região central, estudou ciência da computação na universidade local, e foi nessa época, em 1987, que leu sobre Jobs e inspirou-se. "Queria criar uma companhia que fosse de primeira classe, então me planejei para acabar a faculdade logo", disse ao jornal americano.
Ele concluiu a faculdade em 2 anos, entrou para a Kingsoft e, combinando os conhecimentos técnicos a um talento nato para o marketing, cresceu no escalão executivo, sendo nomeado presidente em 1998. Enquanto fazia carreira na empresa de software, também investiu em startups, entre elas a Joyo.com. Em 2010, juntou-se a engenheiros, alguns antes do Google e da Microsoft, e começou a trabalhar em um sistema operacional, baseado em Android.
A Xiaomi também procurou os mesmos fornecedores e montadores da Apple, como Qualcomm, Broadcom e Foxconn. Em agosto de 2011, chegava às lojas o Mi-1, que esgotou em dois dias. Em agosto passado, a companhia lançou o Mi-2, que esgotou tão rápido que a mídia chegou a suspeitar que a fabricante estava criando falta de estoque de propósito, para gerar marketing.
Cortando custos com distribuidores e vendedores, fazendo vendas diretamente no site da empresa, a Xiaomi consegue vender aparelhos pela metade do preço dos topos de linhas da Apple e da Samsung. Além disso, a companhia mantém um site de "Fãs de Mi", e lança atualizações do sistema operacional semanalmente, incorporando demandas e mantendo os clientes animados com a marca.
Segundo o analista da Gartner Sandy Shen, ao NYT, "para uma startup, o que eles (da Xiaomi) conseguiram é bastante impressionante". Mas, pondera, levanta a questão sobre como a companhia vai expandir o mercado para além do publico alvo de agora. Outros analistas também acreditam que será difícil para a maçã chinesa manter o crescimento, e que por isso a valorização de US$ 4 bilhões é uma bolha.
Mas Lei garante que sua Apple oriental poderia vender 15 milhões de unidades neste ano. E há rumores de que a companhia planeja, como a inspiração americana, investir no mercado de televisão. Com um histórico de três startups multibilionárias nas costas, e uma fortuna pessoal de US$ 1,7 bilhão segundo a Forbes, não é por acaso que Lei parece tão confiante. "Não somos apenas uma companhia chinesa 'pobre' fazendo celulares baratos: vamos chegar ao (ranking) de empresas Fortune 500", garante o CEO ao jornal.




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